MV Norte & Nordeste 28

22 Esses rebeldes e suas causas mudam o mundo A maioria das pessoas, em diferentes partes do mundo, reavaliou seus propósitos A pandemia fez as pessoas refletirem a fundo os seus propósitos em rela- ção aos hábitos de consumo. Antes, tinham o olhar voltado para dentro de si. Agora, ao fazer uma compra, bus- cam propositalmente influenciar suas comunidades e o meio ambiente, mo- vimento que, na verdade, não é novo. Teve início nos anos 70. O que separa um do outro é a forma como os consu- midores atuais expressam seu posicio- namento na defesa de causas sociais – o tom é assumidamente impositivo – seguido por outro aspecto não me- nos importante: um número maior de causas sociais entrou no radar deles. Isso merece atenção. São indivíduos que valorizam cada vez mais critérios que até pouco tempo eram considerados periféricos. Uma parcela significativa agora possui uma mentalidade que não se detém apenas naquilo que a marca oferece. Suas esco- lhas recaem sobre empresas que olham a sociedade de uma forma humanizada. Em troca, são capazes de estabelecer um vínculo forte que vai além de uma mera operação mercantil de compra e venda de mercadorias ou prestação de serviços. Podem chamá-los de rebeldes com causas. Eles não se incomodam. O nó da questão é que defender cau- sas ou ter propósitos de cunho social não faz parte do DNA do empresaria- do brasileiro. Muitos não nasceram com essa cultura. É preciso admitir também que o não alinhamento pode ser interpretado como uma tomada de posição. Um mergulho na raiz desta questão evidencia que valorizar o fato de gerar empregos, respeitar as leis ou pagar impostos, não basta mais. Isso é entendido como mera obrigação, as- sim como não impressiona mais em- presários que doam dinheiro de for- ma assistencialista. A TRANSIÇÃO É AGORA Pesquisa recente feita pela consultoria Accenture com mais de 25 mil consu- midores de 22 países (incluindo o Bra- sil) identificou como suas expectativas estão evoluindo e como as empresas podem alcançar novos níveis de cres- cimento e agilidade competitiva: 50% responderam que a pandemia os fez re- pensar seu propósito pessoal e reavaliar o que é relevante para eles em vida. Já 42% disseram que a Covid os fez perce- ber que precisam se concentrar nos ou- tros mais do que em si mesmos. Apenas 17% - considerados tradicionais - as- sumiram que não foram alterados pela pandemia, enquanto 33% admitiram que estão em processo de evolução. A leitura dessa pesquisa é a de que os consumidores nunca estiveram tão aber- tos para abraçar novas experiências e for- mar novos hábitos. Paralelamente, eles se mostram dispostos a deixar marcas que não reconhecem suas novas prioridades e até pagarão mais por aquelas que fa- zem, pensamento este que é corroborado por outra consultoria, a Deloitte, a qual mostra que 80% dos consumidores es- tariam dispostos a pagar mais caro caso seja uma empresa ambientalmente e so- cialmente responsável. O tema sustentabilidade continua sen- do prioridade na mentalidade do con- sumidor à medida que conversas sobre este tema crescem nas redes sociais em todos os setores. Prova disso é que, gran- de parte dos perfis que integram o mapa de influenciadores da WGSN, empresa líder em tendências de comportamento e consumo, participa dos debates sobre sustentabilidade nas redes sociais.

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