MV Norte & Nordeste 30
39 terra quando eu fui fazer mestrado e o foco do meu trabalho foi o Nor- deste. Nesse produto busquei trazer elementos da cultura tradicional e do fazer artesanal”, conta o profis- sional, explicando que desenvolveu o item com um tipo de artesanato estruturado, utilizando um novo tipo de material (o feltro), para criar uma abordagem mais contemporâ- nea a partir do artesanato. Outras peças de Erico que tiveram bastante destaque são as Luminá- rias Corrupio que são peças que trazem uma relação de toque e in- teratividade dos materiais. “Nelas eu utilizei plástico sustentável que é um material que ao invés de ir para a natureza ele é ressignificado e ganha um novo ciclo de vida para o uso nas luminárias”, explica o de- signer. As Luminárias Corrupio são altamente lúdicas e tem esse ca- ráter do reaproveitamento de ma- terial, o que, na visão Erico, é um pensamento para o futuro. “Para fazer essas peças, não enxergamos o lixo como lixo, vemos algo como um tesouro que a gente pode reu- tilizar e transformar em novos ma- teriais e processos que favorecem o futuro”, observa o profissional, reforçando sua crença de que fazer produtos que não afetem a natu- reza e que possam construir uma economia circular é uma forte ten- dência para o futuro. E, falando em futuro, nos próximos meses o designer pretende tirar da gaveta alguns de seus projetos an- tigos, no entanto, ele explica que para isso acontecer ele precisa do apoio da indústria. “Para nós como designers é muito importante ter o apoio da indústria para produzir produtos com maior valor agre- gado, com design, mas ao mesmo tempo com linguagens da nos- sa cultura, então eu conto muito com empresas apoiando a gente nesse sentido”, comenta Erico, reforçando que dessa maneira tanto a indústria, quanto os de- signers, saem ganhando, porque os resultados serão de produtos com muito mais qualidade. “Uma das minhas metas é aproximar indústria e artesanato para que os produtos tenham um nível de qualidade e de excelência”, continua o designer, enfatizando que com essa união, todo mun- do sai ganhando. Em relação ao mobiliário, Erico deixa um spoiler: “tem uma série de texturas, técnicas e objetos que eu tenho vontade de colocar para dentro do mobiliário para desenvolver algo inédito, algo que possa trazer essa brincadeira de remeter a algo que a gente co- nhece, mas que ao mesmo tempo é diferente e está transposto em um objeto de uso diário”, adianta o designer. “Eu pretendo trazer essa forma de pensar os objetos para dentro do design brasileiro, porque acredito que a gente tem muitas linguagens, muitos desig- ners, mas que a maioria pensa muito na indústria e poucos pen- sam na relação com o artesanal e com o público”, analisa. O foco de Erico é desenvolver produtos que além de interes- santes e sofisticados, possam também ser acessíveis as pessoas e, claro, representar aspectos da cultura e enaltecer valores. “Dis- seminar a cultura nordestina é essencial. Eu já trago essa essên- cia sem precisar, de fato, enalte- cê-la, porque ela já está dentro do meu DNA. Então, quer queira, quer não, eu já estou trazendo. Disseminar o Nordeste é um dos meus principais propósitos com meu trabalho”, finaliza. Cadeira Ivy de Erico Gondim Luminária Corrupio Para Erico, unir artesanato a confecção de móveis resulta em peças inéditas
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