MV Norte & Nordeste 31
44 MÓVEIS DE VALOR NORTE E NORDESTE DO ZERO A R$ 1 MILHÃO EM DOIS ANOS De vendedor de CDs e DVDs piratas pelas ruas de Recife e Garanhuns a um próspero empresário do setor de colchões, a trajetória de Robson do Vale é rica em aprendizado Robson Carlos do Vale tem hoje 34 anos, é paulistano de nascimento por um desvio do destino que levou seus pais a tentarem a vida longe de Pernambuco. Antes de aprender a fa- lar, o menino tomou o rumo da casa dos avós. Foi entregue a avó paterna, Severina Maria do Vale que vivia na pequena Quipapá, um dos menores e mais pobres municípios da microrre- gião de Garanhuns, então com 21 mil de habitantes, e onde o crescimento vegetativo da população nas últimas três décadas não passou de 160 pes- soas a mais por ano. Cresceu pensando em ser jogador de futebol, mas acabou vendedor de CDs e DVDs piratas nas ruas para ajudar nas despesas da casa. Até que dois fa- tos definiram seu caminho. O primei- ro (ser sócio numa loja de colchões) deu errado. O segundo (ser dono do próprio negócio) deu certo. Em pouco mais de dois anos, ao longo da pande- mia, criou a Sono Lite, uma mini rede de quatro lojas, que deve gerar receita superior a R$ 1 milhão nesse ano, con- ta com oito empregados e é dono de duas caminhonetes – sem contar que pretende iniciar a construção da casa própria para ele, a mulher Elisangela, e as três filhas, ainda em 2022. Qual o segredo? Robson é formado pela universidade da vida com PHD em vendas, sigla que em bom nor- destinês significa Persistência, Hones- tidade e Determinação. Com 12 anos Por Guilherme Arruda, jornalista convidado Robson do Vale e a esposa Elisangela, sua parceira na vida e nos negócios Nas ruas de Recife e Garanhuns vendendo CD ele já vendia picolé, pastel e fazia frete nas feiras, aos sábados. E para colegas do Ensino Médio que estudavam a noite, sem tempo para fazer trabalhos escolares, aprontava o seu e cobrava R$ 5,00 dos demais – cada pedido di- ferente um do outro para não chamar a atenção. A procura era quase sem- pre por História e Geografia. Aos 18 anos mudou-se para o maior centro de oportunidades da região, Garanhuns, com o sonho de trabalhar com carteira assi- nada. Para não ficar parado, foi vender CDs e DVDs piratas nas ruas, mais um entre os 30 milhões de t r a b a l h a d o - res informais. A vontade de deixar aquela vida esbarrava no preconcei- to de comerciantes que associavam a imagem de vendedores ambulan- tes a de gente totalmente descom- promissada, que não queria nada. O sonho foi realizado um ano depois, num supermercado de Quipapá. Jun- tou dinheiro, voltou para Garanhuns e para as ruas. Casou e, aos 22 anos, foi tentar a sorte em Recife. “Um dos motivos para sair da Gara- nhuns foi a fiscalização da prefeitura que ficava em cima, detendo os ven-
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