MV Norte & Nordeste 31

53 Estar no meio de tantos designers, de todos os lugares do mundo, me deu muita visibilidade e um bom network. MV • Quais suas maiores inspirações? TV • Me inspiro muito na cultura nordestina, nas produções artesa- nais e na arte popular. Já no design, me identifico muito com elementos industriais e, é aí que tento sempre fazer essa mistura na criação das minhas peças, fazendo um contraste do feito à mão artesanal e o feito à mão na indústria. Além disso, sempre me inspirei em projetos coletivos como o “A Gente Transforma”, pois acredito que essa valorização do artesão com o apoio do design, pode levar nossa cultura para dentro das casas das pessoas. Essas peças que contam histórias e de alguma forma mantêm acesa a chama da nossa cultura. MV • Por falar nessas peças que con- tam histórias, quais materiais mais gosta de usar? TV • Já utilizei madeira de coquei- ro, cerâmica de barro batido à mão e fibra de taboa. Sempre crio peças pensando em um processo artesanal, seja com algum artesão ou associa- ção, e assim a peça nasce dependen- do da tipologia que o artesão utiliza. MV • Como introduzir o artesanato em peças consideradas mais sofisticadas? TV • O artesanato é sofisticado. O artesanato tem história, é trabalho- so, feito à mão, é único e demanda muito mais energia na sua produção do que trabalhos industrializados. Acho que a questão vai pelo cami- nho da valorização dessas peças. Quando a gente fala em uma joia ou bolsa de uma grande marca por exemplo, quando elas são produzi- das manualmente são valorizadas e consideradas sofisticadas. MV • Como você trabalha a questão da sustentabilidade? TV • A sustentabilidade no meu traba- lho aparece de duas formas, no apoio social que a produção das minhas pe- ças pode gerar para as comunidades de artesãos, e na utilização de mate- riais naturais e processos tradicionais na produção, pensando na sustenta- bilidade ecológica. É como em uma economia circular, por exemplo, em algumas comunidades, como na As- sociação de Artesãs de Feliz Deserto, a renda de algumas mulheres é prati- camente só do que elas produzem e comercializam de artesanato. MV • Qual o seu grande objetivo como designer? TV • Quero sempre manter uma produção de peças ligadas ao ar- tesanato. Hoje estou em busca de assinar algumas linhas de mobiliário com indústrias que já apostam nos processos artesanais. Até o fim do ano lançarei algumas peças com MAC Design, e elas são produ- zidas de forma artesanal. Mas a ideia é fazer a ponte entre essas associações que conheço, princi- palmente em Alagoas, para que sejam fornecedores para a pro- dução de minhas peças nas indús- trias, assim aumentando a demanda de produção deles e gerando mais frutos para os artesãos. Tavinho Camerino é um designer de móveis alagoano que já está traçando seus caminhos pelo mundo A produção artesanal é uma das principais características de suas peças Artesãs reunidas depois de participarem da produção da Coleção Ciça A poltrona Prosa é outra peça criada por Tavinho Camerino que remete à sua cultura

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