MV Norte & Nordeste 34

25 momento de muitas tribulações. Só no primeiro semestre do ano, nomes de grandes varejistas nacionais passaram a ser repetidos na mídia em casos de processos de recuperação judicial, seja por falhas na administração, aumento dos custos do capital ou queda nas vendas. Entre elas estão: Americanas, Marisa, Amaro e Livraria Cultura. O cenário é de instabilidade e o futuro dessas grandes varejistas segue incerto. Suas dívidas vão de 285 milhões a 50 bilhões, no entanto, o cenário não é visto como uma crise sistêmica, pois empresas do mesmo setor têm apresentado resultados diferentes. Isso significa que, por trás dessa tempestade, há graves problemas operacionais e de gestão dentro dessas empresas. com a SPX Capital. Nessa época, Pe- reira Lopes deixou o cargo executivo e, desde então, a empresa está diminuin- do seus gastos e reduzindo o tamanho da sua operação. Agora, no primeiro semestre de 2023, a situação da varejista se mostra bastante delicada. Além da dívida de R$ 600 milhões, apresentada ao escritório Alvarez & Marsal, em fevereiro, a Vinci Logística revelou que a empresa também estaria com inadimplência de R$ 21,3 milhões relacionada ao aluguel de um Centro de Logística em Extrema (MG). O contrato da loja do Shopping Higienópolis, em São Paulo, também estava em processo na Justiça por contestaçãodo valor de R$ 2,4milhões pela empresa. No entanto, em março, a Tok&Stok depositou, em juízo, o valor não pago do aluguel de janeiro do galpão logístico Extrema Business Park I, detido pelo fundo imobiliário Vinci Logística, dessa maneira, a ação de despejo foi retirada. No mesmo mês, além da reestru- turação logística, a marca mostrou estar apostando também em uma reestruturação administrativa com a demissão de três diretores e o anún- cio do retorno da fundadora Ghis- laine Dubrule à direção executiva da companhia. Os executivos que foram dispensados eram responsáveis pela parte operacional da companhia, como a gestão de lojas e logística. “Os últimos meses foram marcados por importantes decisões e intensas mudanças no negócio, com o objeti- vo de tornar a Tok&Stok ainda mais eficiente e preparada para o cenário macroeconômico atual e desafios fu- turos. Como reflexo dessas decisões e de forma estratégica, o nosso comitê executivo foi reestruturado”, escreveu a Tok&Stok, em comunicado enviado aos funcionários. Ainda na última semana de abril, a consultoria de tecnologia Domus Aurea pediu a decretação de falência da Tok&Stok na 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. A empresa alegou que a varejista tinha uma dívida de R$ 3,8 milhões, referen- te a um projeto que foi suspenso. O contrato com a consultoria foi fecha- do em 2019, por ao menos cinco anos, no valor de R$ 34 milhões. O projeto previa o desenho de estratégia, desen- volvimento, assessoria, gestão e trei- namento em tecnologia digital para as operações da varejista. A empresa, que não quis se pronunciar até o fechamento desta matéria, agora está perto de fechar um acordo de recuperação extrajudicial com seus credores, segundo a coluna Radar Econômico. Conhecido como acordo standstill, ele garantirá que a varejista de móveis e decoração reestruture suas finanças, sem que os credores a acionem na Justiça. No entanto, por enquanto, a varejista não fala em aberturadenovas lojas antesde2024, apesar de seus gestores acreditarem em sua reestruturação através de uma melhoria de suas margens e do retorno do fluxo de seu caixa. BRASIL ENFRENTA CRISE VAREJISTA Muito além deste caso da Tok&Stok, em 2023 o varejo brasileiro tem demonstrado estar em um A empresa começou 2023 devendo o aluguel do Extrema Business Park I Foto: Jonathan Ernst/Reuters Antes de encerrar as atividades nas lojas, a Tok&Stok tem promovido ações de descontos de até 50%

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