MV Norte & Nordeste 39

32 MÓVEIS DE VALOR NORTE E NORDESTE A SAGA DA MENINA DO INTERIOR DO CEARÁ Maria Gerciliane nasceu no interior de uma cidade do interior do Ceará; sem perspectivas de crescimento, mudou-se para Fortaleza e lá começou a brilhar. Aos 22 anos criou a Art Móveis, que hoje conta com uma rede de 17 lojas Por Guilherme Arruda, jornalista convidado No final dos anos 70, a bucólica Itapa- jé, distante 130 km de Fortaleza, tinha ao redor de 35 mil habitantes, onde água era luxo e luz elétrica, um sonho. Em um lugar chamado Vertente, no interior de Itapajé, nasceu Maria Ger- ciliane Andrade Marinho que, aos sete anos, sonhava alto: “Quero ser rica, mãe!”. Significava ter uma boa casa e boa comida e aquele lugar não ofere- cia nada além da seca que devorava as esperanças. Aos 10 anos mudou-se para Fortaleza e aos treze foi trabalhar na loja da tia Carmelita. Com o tem- po, a menina do interior ergueu a Art Móveis, que virou rede com 17 lojas, hoje mora em um belo apartamento, dirige o carro que desejar e, quando pode, viaja com a família – um dos seus maiores prazeres. “Quando fui trabalhar na loja da minha tia, estudava de manhã e trabalhava a tarde. A loja ficava em Autran Nunes, bairro da periferia de Fortaleza. Me encantei por móveis porque gosto de criar e organizar ambientes”, conta a empresária que logo aprendeu a de- senvolver a arte de se comunicar com o público. Aos 15 anos foi gerenciar outra loja da tia, e ali ampliou a sua vocação empresarial: vendia, fazia o caixa, as compras, cuidava do adminis- trativo. Até que, aos 22 anos, em 2000, decidiu alçar voo solo inaugurando a sua própria loja. E sabe por onde ela iniciou a nova etapa? Por Autran Nunes, que tinha a fama de ser um local apático na ótica dos negócios. Se tivesse recursos abundantes certamente come- çaria por um local na área central de Fortaleza, mas o capital resumia-se as economias das suas férias. E, para complicar, o ponto em questão, situa- do na rua Cardial Arco Verde, tinha a imagem de azarão: iniciativas anterio- res não prosperaram, incluindo uma academia e uma igreja. Foi uma tre- menda aposta. Somente no terceiro dia entrou o primeiro cliente. “Não esqueço, foi seu Valdir. Ele disse: `Você está pensando que seu negócio não vai dar certo. A primeira venda será comigo e a partir de hoje você vai começar a acreditar nesse lugar, a vender e crescer tanto que nem você vai acreditar´, lembra a empresária. A intuição dele estava certa: tudo que havia na loja foi vendido em menos de duas semanas. “As pessoas gostavam da maneira como atendia. Acompanhava a venda do começo ao fim, até a entrega na casa dele. Era assim que fidelizava”, revela Gerciliane. Ainda no ano 2000 abriu a segunda loja e assim a rede foi crescendo até se espalhar pela região metropolitana de Fortaleza, como Caucaia, São Gonçalo, Paraibapa e Cascavel. Um fato curioso é que a última loja que trabalhou como vendedora, em 1999, foi a primeira da rede localizada no centro de Fortale- za. “Foi em 2005. Retornei não como funcionária, mas como dona”, recorda Gerciliane, que habitualmente coman- da a abertura de um novo ponto: da escolha do local até a montagem dos ambientes – e aqui entra o trabalho forte com os fornecedores parceiros. As áreas de exposição variam entre 900 e 1 mil m². “Nosso layout é dife- rente dos concorrentes”, afirma. A grande maioria dos fornecedores da rede são de fora do Ceará e, como regra, procura comprar produtos que seu concorrente não trabalha. “Procuro trazer algo diferenciado e inovador. Fui a primeira a trazer painel ripado para cá bem antes de estourar nomercado”, ilustra. O perfil da Art Móveis é forma- do por consumidores de várias clas- ses sociais. Tem cozinhas de R$ 899 e R$ 6 mil, sofás de R$ 1 mil e R$ 5 mil. “Você não tem noção o quanto fico feliz quando o cliente dá feedback, mostra o que comprou e diz que está satisfeito”, celebra a empresária, que adotou o costume de, aos sábados pela manhã, passar uma hora numa loja onde volta a ser vendedora. Maria Gerciliane, diretora da rede Art Móveis

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