MV Norte & Nordeste 40

49 as empresas podem fazer planos de mais anos, basta agir com bom senso para os credores aprovarem o plano nas assembleias”, observa. O advogado lembra que alguns ti- pos de crédito não são sujeitos a RJ e que bens essenciais não podem ser retirados pelos credores até a aprovação do plano. Pedimos, então, para que Wilhelm nos explicasse de forma objetiva o que acontece quando uma empresa entram com o pedido de recupera- ção judicial. “A empresa faz o pedi- do e tem um prazo para apresentar o plano, tendo proteção contra pe- nhora, como citei anteriormente, e uma carência de 1 a 2 anos. Geral- mente, as empresas costumam con- seguir um prazo de 10 anos para pagarem suas dívidas”, resume. Ele explica que o empresário deve “mexer onde está realmente o pro- blema”. “Às vezes é preciso mexer no leque de produtos oferecidos, a empresa tem de se reinventar para ter sucesso. Existe também um pe- ríodo de dois anos de fiscalização para ver se a empresa está cum- prindo o que prometeu no plano aprovado”, destaca. O advogado ainda diz que essa empresa pode buscar ações e novos sócios, por exemplo, mas ele lembra que algu- mas empresas saem da RJ e anos depois precisam entrar com o pedi- do novamente. “O empresário precisa ter como objetivo analisar o que está sen- do feito e reinventar o seu negó- cio, contando com uma equipe de profissionais para dar suporte, como advogados e contadores. É importante também que ele tente construir um plano de recuperação dialogando com seus credores, fa- zendo os ajustes necessários antes de apresentá-lo em assembleia”, pontua Alcides Wilhelm. Ele ainda acrescenta que se o plano não for aprovado, os credores agora po- dem oferecer um outro plano. “An- tigamente, se eles não aprovassem, a empresa já entrava em falência, mas as coisas mudaram com a nova lei, porque o custo da falência é maior do que o custo para reestru- turar uma empresa”. E, para que a empresa não precise chegar ao ponto de entrar com um pedido de RJ, o advogado orienta: “A transparência com fornecedores é fundamental, é preciso sempre informar o ocorrido (no caso do acúmulo de dívidas) para começar as negociações e trazer os credores para o seu lado. Se perder o timing, já não tem mais duplicatas, porém a empresa deve entrar enquanto ain- da tem ativos no mercado, porque depois da RJ vai ter que pagar as coisas à vista”. PEDIDOS DE RJ SÓ AUMENTAM NO BRASIL Não é difícil se deparar com notí- cias sobre pedidos de recuperação judicial feitos aqui no Brasil, prin- cipalmente por parte de varejistas. No setor de móveis e eletros, por Alcides Wilhelm, advogado e contador

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