34 MÓVEIS DE VALOR NORTE E NORDESTE Patrícia é direta: "Muita gente entra nessa profissão (representante) e não sai do lugar. Quem fica é quem se adapta. Não é só atender cliente: precisa estar sempre se atualizando”, ela explica. E continua: “Ser representante é uma atividade antiga, o que mudou foi o jeito de trabalhar. Lembro dos representantes que iam na loja da minha mãe – não tem nada a ver com os de hoje", diz, complementando que as empresas procuram quem tem nome na praça. Tem muita gente boa, mas falando da família Souza, a Fátima e o João são 'figuras carimbadas', rasga elogios. O comentário de que a profissão de representante está ameaçada pela tecnologia, e-commerce e vendas diretas é rechaçada por Patrícia. "Nunca acreditei nisso, porque nada substitui o 'olho no olho'. Tem marketing bem-feito – a própria Patrícia faz trabalhos de alguns produtos, mas ela cita Fátima. “É daquelas que faz questão de visitar todo mundo, leva o catálogo debaixo do braço", diz, lembrando que a irmã Fátima Souza ao lado de Inalva Corsi, diretora da Móveis de Valor levou a equipe para visitar feiras de móveis. VIDA LONGA AOS REPRESENTANTES "Essa profissão não vai acabar", sentencia Fátima. "A gente 'vira a chave' da cabeça do cliente que está ligado só no preço mais baixo", ensina. Mas como negociar nesse campo de batalha de hoje? Para Fátima, o recurso é dar mais prazo para o lojista: de 90 para 120 ou 150 dias. "Eles querem prazo", diz convicta. “E atendimento”, complementa Patrícia. "Quem faz o produto valer dentro da loja é o poder de convencimento do vendedor. Se ele se sentir à vontade com o representante, gostar do produto, o lojista vai acreditar naquilo", ensina. A aptidão comercial de D. Eunice permaneceu viva até os anos 1990, quando parou de comprar imóveis avariados, reformá-los e vendêlos pelo dobro do valor adquirido. Depois, dedicou-se à confecção de jogos de cama, vendendoos, de forma quase impositiva aos filhos. "Obrigava a gente a comprar. Usava meu cartão de crédito para comprar tecido por 120 e vendia o lençol por 200”, conta Patrícia. “Eu ligava para um irmão avisando: 'Mamãe quer te ver'. Ele respondia: 'Vou não, ela quer me vender!”, conta Patrícia, sem conter a risada. “Se juntar cinco filhas não dá uma mamãe", sintetiza. O falecimento de D. Eunice em 2017, aos 84 anos, lança luz sobre a origem da garra de Fátima, Patrícia e seus irmãos. Sua história revela a fonte dessa resiliência, transmitida de geração em geração como um legado que impulsiona a jornada da vida de cada um.
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