53 tos como o Cartão BNDES, linhas de crédito via Finame, incentivos estaduais e programas de exportação da ApexBrasil. Mas falta algo mais robusto, como os pacotes que historicamente fortaleceram o setor automotivo. Estar incluído em uma PI significa acesso a regimes especiais de tributação, crédito subsidiado, estímulos à inovação e, principalmente, previsibilidade para investimentos de longo prazo. O problema é que, no Brasil, as políticas são descontinuadas. Muitas vezes pensadas para durar um mandato presidencial, não décadas, como ocorreu na Coreia do Sul. O exemplo do polo naval é ilustrativo: em mais de dez anos, foram investidos R$ 25 bilhões do BNDES e R$ 130 bilhões da Petrobras. O projeto não resistiu a crises econômicas, denúncias de corrupção, instabilidade política e falta de mão de obra qualificada. O SETOR PODE SE FAZER OUVIR? Uma das formas de ganhar força seria a criação de grandes corporações — estratégia comum em setores com mais poder de barganha. Mas isso parece improvável no caso dos móveis. Outra via é o lobby parlamentar, como já fazem diversos segmentos. Em 2019, a Abimóvel lançou a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria do Mobiliário (Fremob), com mais de 200 parlamentares. O objetivo era articular medidas em prol da competitividade e internacionalização do setor. Mas a frente não sobreviveu à legislatura seguinte. “Criamos a Fremob, mas vimos que sem força política não se consegue avançar. Hoje preferimos usar os canais já existentes, como as federações industriais e a CNI”, explica Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel. “Quando for tema em nível federal, vamos recorrer à Frente Parlamentar da Agricultura (FPA).” A EXPERIÊNCIA GAÚCHA No Rio Grande do Sul, a articulação tem rendido alguns resultados. Em 2023 foi criada a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Moveleiro Gaúcho, na Assembleia Legislativa, em parceria com a Movergs. Uma das conquistas foi a renovação do decreto que garante diferimento parcial do ICMS nas vendas internas de painéis de madeira (MDP), reduzindo a carga de 12% para 7%. A medida alivia o caixa das indústrias e fortalece a competitividade local frente a outros estados. “O intuito é garantir que a indústria gaúcha tenha condições justas para crescer e competir”, diz o deputado Guilherme Pasin, presidente do movimento. Outra pauta em andamento é ampliar o crédito presumido de ICMS para operações logísticas, algo que, segundo ele, “mexe diretamente com a economia da madeira e do móvel no estado”. Para Euclides Longhi, presidente da Movergs, a atuação tem sido decisiva: “O Pasin está fazendo um excelente trabalho. Fez o mesmo pelo vinho gaúcho, que é nosso símbolo.” Um exemplo de PI malsucedida foi a tentativa de criar um polo naval, ancorado na descoberta do Pré-sal Deputado Guilherme Pasin, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Moveleiro Gaúcho Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel: “Frente parlamentar sem força não consegue atingir os objetivos"
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