MV Norte & Nordeste

32 MÓVEIS DE VALOR NORTE E NORDESTE José Lopes Aquino, presidente do SIMA, Arapongas (PR) duto. Vê a imagem, acha bonito e, quando recebe, não gosta e devolve. Pouco se fala disso”, observa Bernardi. Os dados são escassos, mas estimativas do Ecommerce Brasil e da ABComm indicam que até 30% dos pedidos no e-commerce sofrem devoluções. No caso dos móveis, o índice fica entre 8% e 12%, segundo benchmarks internacionais. Nos Estados Unidos, a taxa varia de 3,9% a 6,6%, conforme o EcommerceDB e a NRF/Happy Returns. Para José Lopes Aquino, presidente do SIMA (Arapongas/PR), parte desse problema está fora das fábricas. “Transporte, armazenamento, entrega e montagem impactam diretamente esses índices. São desafios que exigem cuidado compartilhado em toda a cadeia”, afirma. O alerta se estende também às queixas públicas. “O pior momento para descobrir que algo deu errado é quando o consumidor vai ao Reclame Aqui”, lembra Bernardi. “Cada devolução representa perdas financeiras, de imagem, de matéria-prima e de tempo.” ESCUTAR O DESPERDÍCIO PARA REINVENTAR A FÁBRICA O que fazer para amenizar o problema? Aquino aponta um caminho: “Conscientização e união da cadeia para melhorar os elos, aumentar a eficiência dos processos e gerar maior satisfação ao consumidor.” A estilista Coco Chanel dizia que “a moda sempre conversa com o tempo que vivemos”. Para a indústria moveleira, essa conversa exige ouvir o som — quase sempre ignorado — do desperdício. Estar em sintonia com o presente não é apenas criar móveis, mas fábricas eficientes, produtivas e humanas. Conversar com o tempo, aqui, significa reinventar processos, repensar hábitos e produzir com propósito. DESPERDÍCIOS & SOLUÇÕES Movimentação interna Ocorre no deslocamento do operador para buscar ferramentas, insumos ou componentes distantes do seu posto. Transporte Refere-se à movimentação de materiais dentro da fábrica – fluxo que, quando mal desenhado, rouba tempo. Inventário É o estoque além do necessário – são produtos acabados, matérias-primas paradas ou itens obsoletos que comprometem o espaço e o capital de giro. Solução: redesenho do layout e revisão dos fluxos logísticos internos, com base em ferramentas de mapeamento de valor que reduzem esses gargalos. Empresas que adotaram essas medidas registraram reduções de até 39% no lead time — ou seja, no tempo entre o início da produção e a saída do produto acabado. Retrabalho É o reflexo da não qualidade. Nasce da falta de padronização — muitas vezes o conhecimento técnico está “na cabeça” do operador, e não documentado na empresa. Quando o profissional sai, leva consigo o padrão do processo. Essa lacuna gera inconsistências, devoluções e atrasos. O retrabalho consome tempo e insumos, afeta prazos de entrega e a imagem da marca. Solução: formalizar procedimentos, criar instruções visuais e desenvolver uma cultura de padronização que ajudam a consolidar o conhecimento e reduzir perdas. Máquinas e operadores subutilizados Produção de móveis exige precisão. Na indústria moveleira, cada peça — caixas, tampos, pés, vidros — precisa chegar no tempo certo à montagem. Quando isso não ocorre, máquinas e pessoas ficam ociosas, elevando custos e desperdícios. Em um setor de margens estreitas, sincronizar a produção é questão de eficiência e sobrevivência. Solução: investir em programação integrada, sincronizar etapas e acompanhar a performance diária reduzem gargalos e equilibram o uso dos recursos.

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