Móveis de Valor - Edição 222

48 moveisdevalor.com.br Não haverá “céu de brigadeiro” em2023 O CENÁRIO SERÁ DESAFIADOR; VAI EXIGIR MUITA VONTADE POLÍTICA E CAPACIDADE DE RESOLVER TUDO DE FORMA ORGANIZADA E CLARA BOA PARTE DOS COMPROMISSOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DE CAMPANHA NÃO ESTÃO PREVISTOS NO ORÇAMENTO E EXIGEM ATÉ R$ 280 BILHÕES É ESSE O AMBIENTE SOMBRIO QUE O FUTURO GOVERNO FEDERAL TERÁ QUE ENFRENTAR JÁ NO PRIMEIRO ANO DA SUA ADMINISTRAÇÃO J aneiro de 2003. As condições para voos nos aeroportos brasileiros indicavam céu de brigadeiro, expressão que no jargão aero- náutico significa iluminado, sem nuvens no horizonte, isto é, com chance zero de acontecer alguma surpresa desagradável. Ao assumir a presidência da República no primeiro dia daquele ano, Luis Inácio Lula da Silva encon- trou um conjunto de oportunidades econômi- cas extraordinariamente favoráveis, interna e externamente. Em abril, o salário-mínimo é reajustado em 20% e poucos meses depois, o mundo inicia um ciclo de expansão econômica que vai até o terceiro trimestre de 2008. Janeiro de 2023. O cenário global é impróprio para decolagens. A desordem causada no mercado pela pandemia impôs medidas monetárias drásticas (aumento das taxas de juros) para conter a inflação gerada com o retorno gradual das atividades. Hoje, todo o planeta – salvo raras exceções – está em recessão e acumulando déficits fiscais. É esse o ambiente que o futuro governo Lula terá que enfrentar em seu primeiro ano, além da insatisfação dos 58 milhões de eleitores que não votaram nele. Como os compromissos mais urgentes assumidos no calor da campanha não cabem no teto de gastos - regra que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior, mas fundamentais para promover o crescimento da economia já em 2023 - a pergun- ta de 1 milhão de dólares é: qual será o waiver, a licença para gastar fora do limite orçamentário. Até o fechamento dessa edição a equipe de transição negociava com o Congresso um Projeto de Emen- da Constitucional (PEC) para acomodar os gastos do próximo ano. A outra grande incógnita – talvez a mais esperada ECONOMIA Por Guilherme Arruda, jornalista

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