MV Norte & Nordeste 26
48 A marcenaria escultural de Júlia Krantz A arquiteta, designer e marceneira é apaixonada pela madeira e cria peças de mobiliário que mais se parecem com uma obra de arte Arquiteta, marceneira e designer. Júlia Krantz é uma apaixonada pela madeira, que cria peças que fluem entre a arte e o design, como ela mesma diz. E fica fá- cil de entender por que ela diz isso, seus móveis de madeira parecem esculturas, podendo até ganhar tal finalidade. Todas as peças de Júlia são repletas de detalhes que as diferenciam de ummóvel comum. A arquiteta de formação afirma que as linhas retas não fazem parte de seu re- pertório interior e conta um pouco mais sobre as suas inspirações. “Minha inspi- ração vem claramente da natureza exube- rante do nosso país, das formas sinuosas e suaves dos nossos morros, da fluidez das águas dos mares e rios, da maciez da areia da praia, das conchas do mar, da vegetação tão vasta e rica em variedade”. Apesar do design diferenciado de suas peças, ela conta como funciona seu pro- cesso de criação na prática, que não se difere muito do tradicional. “Inicio uma peça pelo desenho que pode partir de uma ideia anterior ou da sugestão de algo que um cliente me pede. Em segui- da sigo dois passos diferentes dependen- do do tipo de peça a ser produzido: para as peças de madeira maciça elaboro o projeto no computador, detalhando en- caixes e dimensionamentos; para as pe- ças de laminado vou diretamente para a oficina onde trabalho a volumetria já na escala natural em blocos de isopor. A ter- ceira etapa é a produção da peça em si, que pode dar certo de primeira ou pode exigir mais de um protótipo até chegar ao resultado que espero. Daí passo ao acabamento com goma, laca, óleos, etc”. Para encerrar, Júlia Krantz faz questão de citar os nomes que ela admira e se inspira no design. “Tem algumas figuras cujo trabalho me tocou profundamente, como Gaudi, Frank Lloyd Wright, Ta- pio Wirkala, Hans Wegner, George Na- kashima, entre outros”. “Gosto de criar peças que tenham o seu valor utilitário, mas que se acomodem no caráter artístico que busco expres- sar. Sinto que esta forma de criar agrada principalmente às pessoas ligadas de al- guma forma ao valor intrínseco inerente à arte pura, à estética, à beleza plástica e inusitada que o trabalho em madeira pode gerar”, resume a designer. Por falar em madeira, Júlia comenta so- bre o seu uso nas criações. “Ela é uma das raras matérias-primas que dispo- mos, que se bem manejada é absolu- tamente sustentável, podendo estar a nosso dispor para sempre. O manejo das nossas florestas é fator fundamen- tal para garantir a existência abundan- te da madeira. Além disso, é para mim um dos materiais mais vastos em cores, texturas, sabores, plasticidade, o que promove inúmeras possibilidades no processo criativo”.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MzE5MzYz