MV Norte & Nordeste 28
45 90 dias é de 26%, em média, e só na se- mana de 06 a 12 é de 6,8%, como se vê no quadro abaixo. O poliol, junto com o TDI, é a maté- ria-prima para produção de espumas, o principal componente dos colchões, inclusive os de molejos. Claro que o governo chinês está atuan- do para que os preços fiquem ajusta- dos ao seu interesse. Preços de venda sobem e de compra recuam, como está acontecendo agora com minério de fer- ro e aço. Apenas em setembro, o pre- ço do minério recuou 30% e acumula queda de 60% no ano. O aço recua 22% desde janeiro no mercado internacio- nal e as empresas agora pressionam as usinas para reduzir o preço local. De acordo com Sérgio Conti, econo- mista da Tendências Consultoria In- tegrada, a forte queda nos preços das bobinas a quente e das placas de aço no exterior está surpreendendo. Ele credi- ta o fenômeno ao forte acúmulo de es- toques nos Estados Unidos e aos sinais de arrefecimento da demanda chinesa. Atentas ao movimento de retração no mercado internacional, montadoras e fabricantes de autopeças pressionam as siderúrgicas por menores preços. “Lá fora, o preço do aço já cedeu mais de 20%. No Brasil, não caiu nada”, reclama Paulo Butori, presidente do Sindipeças. A Abicol já solicitou a Camex a redu- ção temporária do direito antidum- ping sobre do fio de aço de origem da China, aplicado em 2017 e válido por cinco anos e, também, do Imposto de Importação, sob o argumento de que esta medida se faz necessária, e urgen- te, para que o mercado de fios de aço usado em molejos de colchões volte à normalidade. Hoje, fabricantes de molejos estão im- portando o fio de aço, principalmen- te da Turquia, Espanha e Portugal, e fabricantes de colchões importam molejos prontos, mais barato que o nacional, ocasionado mais desindus- trialização no país. ABICOL SOLICITOU REDUÇÃO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO DO AÇO PARA MOLEJOS DE COLCHÃO A questão do preço do aço está pro- vocando uma queda de braço impor- tante porque envolve o setor auto- mobilístico e o da construção civil. Porém, não há nenhum sinal de que os preços do fio de aço para indústria colchoeira sejam reduzidos. Aliás, os fornecedores – leia-se Gerdau e Bel- go – preferem se esquivar quando se sonda sobre essa possibilidade. O fato é que as fornecedoras locais continuarão livres para aumentar o preço, independentemente das fortes quedas que estão ocorrendo no exte- rior, principalmente na China. E, mais: quando gigantes desenvolvem uma estratégia integrada, envolvendo bilhões de reais em investimentos para alcançar um objetivo específico que, no caso, é manejar o preço de seus produtos em um mercado com potencial de ex- pansão como o Brasil, é muita ingenui- dade imaginar que exista algum lobby que possa demovê-los de seu objetivo. Por incrível que pareça, cada vez mais se consolida como tradição do mercado brasileiro a máxima de que os preços de matérias-primas e de insumos se movi- mentam apenas em única direção, sem- pre para cima. Por Ari Bruno Lorandi, diretor da Móveis de Valor
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